OBJETO DA PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL EM RELAÇÃO À SAÚDE MENTAL
Muitos de nós, Assistentes Sociais, temos dúvidas quando iniciamos um trabalho relacionado à saúde mental. Embora sabemos desde nossa graduação que não estamos aptos a atuar na doença em si, ou nos aspectos relacionados ao transtorno, ou aos aspectos da "psique" humana.
Mas, e então. Qual o objeto da nossa prática?
Muitas áreas de trabalho ligadas à área da saúde mental entendem que não atuamos na doença por si só, e muitas vezes somos chamadas para fazer qualquer coisa, ou nos fazem de " faz tudo". E enquanto profissionais muitas vezes nos frustramos pois no intimo pensamos que não deve ser esta a forma de nossa atuação.
E então o que fazer?
O livro de José Augusto Bisneto, intitulado Serviço Social e Saúde Mental, em que o autor realiza uma análise do Serviço Social psiquiátrico nos Estados Unidos, perpassa a história da atuação do Serviço Social na área psiquiatra no período da ditadura, explora a Reforma Sanitária, o ensino do Serviço Social no Brasil e faz considerações muito claras do nosso objeto de trabalho.
Vejamos algumas de suas explicações para melhor compreensão a respeito:
"A princípio o usuário do Serviço Social é o mesmo da instituição psiquiátrica, o portador de problemas mentais, mas analiticamente ( e não ontologicamente ) o objeto de prática é outro." ( BISNETO, p. 124. )
"Apesar do discurso idealista do Serviço Social tradicional, não é o homem por inteiro o objeto da atuação profissional. São algumas propriedades do usuário que serão objeto da intervenção da instituição e do Serviço Social" ( BISNETO, p. 125 )
" Na ocorrência de qualquer fato que interfira no planejamento do atendimento psiquiátrico e que seja considerado como fenômeno social ou contextual, o assistente social é convocado a relocar o paciente no processo de trabalho organizacional considerado "normal "pelo estabelecimento psiquiátrico. ( BISNETO, p. 125 )
" O Serviço Social intervém em tudo que escapa à racionalidade desse processo no que tange à situação objetiva ( dita social ) ou a aspectos contextuais diversos. ( BISNETO, p. 126)
Por exemplo: Aquisição de medicamentos em instituições publicas da oferta destes para prosseguimento do tratamento- Por isso a necessidade de haver politicas publicas de acesso a medicações para pacientes em vulnerabilidade social.
Intervir nos casos de ruptura do usuário com o meio social. Intervir junto aos familiares em relação a possíveis situações de ameaça ou ruptura de vínculos.
“ …, o assistente social não age somente na
entrada e saída do usuário e sim al longo do tratamento ( a não
ser nas instituições muito conservadoras, pouco democráticas...”
( BISNETO, p. 128 )
" O que o Serviço Social vai ser solicitado a transformar, geralmente junto a equipes multiprofissionais, são as condições sociais particulares dos usuários que, como causa, efeito ou constituição do transtorno mental, se apresentam como direitos sociais perdidos, recursos econômicos reduzidos, relações sociais empobrecidas, vínculos relacionais estereotipados, situações de alienação social." ( BISNETO,p. 128)
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